Você sabia que o 16 de janeiro foi escolhido como o dia do cortador de cana de açúcar?

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São chamados cortadores de cana ou simplesmente trabalhadores rurais que também têm o apelido de: “bóias-frias” porque a comida (bóia) que levam para o campo costuma esfriar antes da hora do almoço.

FIQUE SABENDO!

Os antigos senhores de engenho, reconfigurados posteriormente em usineiros, são hoje cada vez mais empresários que tentam construir a qualquer custo uma autoimagem moderna. Propagandeiam de modo insistente noções como inovação tecnológica, prosperidade e modernização, facilmente confirmadas nos segundos de propaganda: “agro é pop, agro é tech, agro é tudo”. Esses empresários, nacionais e estrangeiros, exaltam os avanços científicos, a aquisição de equipamentos com tecnologia de ponta e a adesão a uma suposta agenda sustentável. Verifica-se, no entanto, uma rota de colisão nesse caminho: o “moderno” agronegócio canavieiro no Brasil possui nas condições e relações de trabalho no corte manual da cana a expressão mais visível de sua degradação e de seu “atraso”.

O setor canavieiro é um dos que mais registra a presença de trabalhadores(as) em condições de escravidão, expressas em mecanismos como o trabalho forçado e a servidão por dívida. Segundo dados da ONG Repórter Brasil, mais de 11 mil canavieiros foram resgatados de condições de escravidão. Dado igualmente impactante, fruto de pesquisa da Comissão Pastoral da Terra, é o de que 22% do total de trabalhadores rurais localizados em condições de escravidão no Brasil atua no universo da cana-de-açúcar.

Em sua ampla maioria, os cortadores de cana são trabalhadores do sexo masculino, negros, com faixa etária entre 19 e 40 anos, com pouca ou nenhuma escolaridade e sem qualificação profissional. A atividade do corte manual é pesada, repetitiva, realizada a céu aberto, no calor, entre a poeira e a fuligem da cana em longas jornadas de trabalho. Esses trabalhadores(as) são diariamente afetados por alguns riscos: a exposição a fertilizantes e agrotóxicos e a radiações solares; acidentes de trabalho decorrentes de equipamentos de corte ou de animais peçonhentos como escorpiões e cobras; lesões por esforço repetitivo; precárias condições de alimentação e saneamento etc.

“Sobre o doce da cana, há muito suor salgado. É muito trabalho e pouco descanso. Muito trabalho e pouca vida.”

Mais do que justo lembrar da força desses guerreiros(as)! Nossa saudação a esse profissional essencial no processo de cultivo que também é tão precarizado. Mesmo que algumas tecnologias tenham se desenvolvido com o decorrer dos anos, o corte manual ainda é essencial, motivo pelo qual os trabalhadores(as) são de extrema importância para a produção rural, como também pela economia brasileira.

Juntos na luta por condições mais dignas aos nossos irmãos(as)!

Assema-CE

Fonte da pesquisa: Brasil de Fato – Pernambuco